domingo, 27 de fevereiro de 2011

Por quê?

"Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta.
Vive na ignorância, na sombra.
À mercê dos dias, do tempo"

Se dar conta do quê? O mundo não é o que realmente aparenta ser? Afinal, não foi sempre assim?
Essas três perguntas são capazes de mover montanhas. Ou, no máximo, de tirar o sono de algumas pessoas e lhes roubar a paz para sempre.


Eis que surge o 1º problema: Podemos realmente chamar esse sentimento de Paz? Essa tão proclamada benção da ignorância (argumento muito utilizado) não seria uma forma covarde de desviar os olhos da realidade?

Pode apostar.

A leitura do mundo é em parte terrível e em parte maravilhosa. É um gesto feliz pensá-lo como um mundo terrível, porque nos dá autonomia e nos liberta. O mal-estar permanente provocado pela consciência de desigualdades funciona como combustível ilimitado para reflexões. Identificar as múltiplas camadas que compõe a realidade nos permite conhecer os reais papéis que os indivíduos estão ocupando nesse teatro de imbeciliade.
O grande problema é quando não compreendemos a totalidade e o stresse do dia-a-dia acaba nos entorpecendo, fazendo com que lutemos uns contra os outros, enquanto os responsáveis pelos problemas desfrutam da mais profunda paz e tranquilidade (geralmente sobrevoando a cidade de helicóptero).

Ainda assim, é comum pessoas desistirem da tentativa de compreender a complexidade das formas e articulações dos componentes da sociedade e irem "viver suas vidas". Isso é compreensível, afinal, o excesso de conhecimento acaba se tornando cumplicidade.

Mas afinal, do que eu estou falando? De estratégias políticas sorrateiras e desonestas? Do Capitalismo perverso e as terríveis multinacionais em busca do controle economico mundial? Da Matrix?

Talvez.

A idéia na verdade era tangenciar algum sentido filosófico. Tentar despertar uma certa curiosidade epistemológica em algum leitor que vier a passar por aqui. Tentar mostrar que é possível a Paz e a Cólera viverem lado-a-lado. Que, em certa medida, só viveremos em paz quando tivermos surtos esporádicos de loucura, raiva e indignação.






E percebermos que o conformismo é nosso pior inimigo.

Surpreender-se? Não. Indignar-se? Sempre.



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